A maioria dos homens aprende desde cedo que homem não chora. Conto poucas as vezes que fugi desse ensinamento tão estúpido. Em uma delas, ia às lágrimas enquanto Maradona sorria vestindo a camisa de Careca em 1990. Meu irmão teve a sua vez na ocasião do empate contra a Suécia quatro anos depois. Suas lágrimas tiveram um final mais feliz.
Crescemos com o futebol e com os Mundiais. A cada uma estamos quatro anos mais maduros, mais avançados profissionalmente e com um milhar de novidades que não cabem em uma mesa redonda. Uma derrota a cada quatro anos é sentida porque cada uma é a primeira. Afinal, depois de quatro anos nunca somos exatamente os mesmos. É uma vida a parte. Fui mais feliz tetra do que penta. Era mais inocente.
É como rio. Nasce e desagua em uma jornada que ninguém viveu o suficiente para contar como foi cada gota. Ou lágrima. E no choro nada é tão comovente quanto as crianças que choram ao invés de rir em uma partida como vimos este ano. É a perda da inocência em sua forma mais universal. Quando entendem como a vida é feita de decepções.
Não me caem mais lágrimas pelos olhos como as crianças que choraram tão copiosamente no 7 x 1 contra a Alemanha. Mas também choro. Sou neto do Maracanazzo e naveguei pelo drama jamais elucidado pelos psicólogos de botequim. Sonhei com o hexa em pleno maraca, palco de minhas maiores alegrias esportivas. Vim, vi e não venci com esse sonho. Apenas pude aplaudir outro país jogar feito Brasil e levar a taça. Foi pouco.
E chorando por dentro, me despedi de quem sou ao fim desse ciclo. Pensando com outras eras que levem esse sonho para a Rússia ou outro cenário. Seja onde for, o importante da vida nesses quatro anos é sorrir. Celebrar o que vivemos e fazer da nossa tristeza, um riso de esperança. Com cada lágrima desaguando em um rio que leve a outro sonho. 2014 já deixa saudades.