Nunca fui exatamente um fã de Belchior, mas sempre me vi ligado a ele de alguma forma. Nordestino do Ceará, como minha mãe, seu bigode que parecia conter todos os mistérios do mundo e me intrigava menos do que seu desaparecimento opcional. Logo no início do meu site, concluía que não era da conta de ninguém se o cantor quisesse sumir do mundo.Aliás, as vezes gostaria de poder fazer o mesmo.
A canção Como Nossos Pais, minha favorita na voz de Elis, também foi tema de um email, que se você não leu está disponível aqui.
Estes dias, ouvi e li tanta coisa sobre sua obra. Entre elas, uma repórter da Globo lembrou que ele era imenso porque sua música falava sobre coisas comuns a todas as gerações. Me pergunto o quanto Belchior era gênio e o quanto nosso país foi o contrário, ao mudar tão pouco de forma a permitir que ele ainda seja atual.
São coisas que caminham juntas no Brasil: nossa genialidade e capacidade de andar para trás, como se fôssemos Sísifo eternamente condenados a rolar uma pedra para vê-la sempre voltar ao ponto de partida. Que seja assim com Belchior. Ele nunca voltará porque não partiu de fato. Estará sempre ao nosso alcance para que recomecemos juntos a ouvi-lo.
E celebrá-lo.
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Minha apresentação favorita de Belchior é uma das mais recentes: Ele e os Los Hermanos, de quem nunca fui fã, cantando À Palo Seco. Um tango argentino me vai bem melhor que um blues também.