Image

Sou desses dinossauros que inaugurou a urna eletrônica no Brasil. Mais do que isso: jamais votei com cédula de papel. Desde que comecei a votar aos 16 anos, já tinha que apertar o dramático botão de “confirma”. Nada mal para quem começou a eleger político antes de poder dirigir. Pelo menos, acho que já aprendi a votar, dirigir eu deixo para a próxima vida.

O voto – e deixei para escrever isso depois das eleições deste ano de propósito – é algo tão importante que só deixei de votar uma única vez, em que estava fora do estado da minha região eleitoral. De lá pra cá, acumulo muitos alívios e algumas tristeza. Sou pragmático e entendo que toda campanha a opção é pelo menos pior. Como o Brontossauro que se contenta com pequenas folhas na hora do almoço…

De todos os votos, só guardo feliz o de 2002. A primeira vez que Lula chegou à presidência representa a vitória da minha geração – ao menos a que ia para as ruas protestar contra os oito anos da era FHC – e o fim da nossa inocência. Passamos a deixar de ser jovens, para nos tornarmos adultos. Chegamos ao topo da cadeia evolucionária e descobrimos que esse é só o início de novos problemas.

Em toda eleição, tento recuperar uma porção do jovem que viu tantas passeatas culminarem com a chegada de um partido no poder. Este ano, depois de descartar Dilma no primeiro turno, voltei a votar no PT no epílogo eleitoral. Sem orgulho e com pregador no nariz. Desde 2002, não há felicidade. Só alívio.

escrito por tcordeiro
Meu nome é Tiago Cordeiro e trabalho com conteúdo (textos, roteiro, ficção e não ficção) e digital. Atualmente, sou roteirista e sócio da Scriptograma.

Os comentários estão fechados.