Essa é A letra em que tudo começa. O “A” é o início do alfabeto: o ovo antes da galinha. Ou o contrário. Tanto faz, o importante é que sempre teve um jeito de letra aberta e versátil. A interjeição “Aaaah”… em um tom moderado pode complementar desde a conclusão surreal (“ah, então é por isso que você atirou em mim?) ou o constrangimento evidente (“Ah, o seu marido também veio”).
Irritada, a vogal pode emplacar uma fúria desigual (“aaah, esmagar homenzinhos”) ou até um urro de dor. Primitivo, gutural. Cantores do bonde do heavy adoram essa letra.
Crianças também curtem desde que o mundo é mundo. Na minha creche cada “Aaah” era sucedido por um “mas que peninha, de galinha”. Nunca gostei da letra porque o “A” tinha jeito de matrona, de mãezona irritada com as pernas se estendendo ao dorso de uma italiana com as mãos na cintura, em um misto de super-heroína e matriarca esporrenta.
“Ai, ai, ai”… O alfabeto já começa meio irritado com o final disso que está longe…