Sempre lembrei do Robin na minha primeira infância ao ver da letra “R”, já que sempre fui ligado a histórias em quadrinhos e coisas do tipo. “Primeira infância” é como descrevo a fase em que achava que era o centro das atenções e que todo mundo era legal como no gibi. A partir daí, pasmem, fui descobrindo que as coisas não eram bem assim. E o erre estava lá também.
Tive um problema respiratório até a minha vida adulta. Entre a cirurgia que corrigiu o problema e meu desenvolvimento, o desvio de septo me fez recuperar pela boca. E com o tempo, isso desenvolveu o músculo da minha língua de um jeito diferente, que tornava mais difícil para mim pronunciar palavras com o “r”. Carro e rocha saíam sem problemas. Mas para, cravo e nomes do tipo sempre saíam ou com um som de “g” (“paga” ao invés de “para”) ou com um “r” estilo alemão (crrrrrrrrravo). Toda explicação científica veio muito tempo depois. No interim, tive que conviver com o problema assim como as crianças que conviviam comigo. Não posso reclamar da solidariedade alheia.
O Érre ficou sendo assim então uma letra com quem tinha respeito, mas nunca carinho. Você não pode imaginar o nível de acrobacias de vocabulário que fazia em palestras ou aulas para não ter que pronunciar palavras desse tipo. O problema vem e vai, dependendo do meu nível de atenção e sessões com fonoaudiólogo. O mais incrível é que eu mesmo nunca me ouço falando errado.
Então ficamos assim: o erre está lá e sei disso, mas nunca estou certo se onde deveria. É uma lição de vida sobre mim mesmo.