Não podia mais “cortar dedinhos” como se fazia quando criança. Então bloqueou no whatsapp, silenciou no twitter e parou de receber seus posts do Facebook na timeline. Afinal, se a deletasse de seu perfil na rede social de Zuckeberg poderia dar treta nos encontros ao vivo.
E isso era tudo que queria evitar. Odiava discutir a relação.
Incluiu seu email em um filtro para suas mensagens irem direto para a lixeira. Os dois detestavam falar ao telefone então o risco de ligações era pequeno. Ambos moravam em extremos opostos da cidade, não o veria pessoalmente sem marcarem. Estava a salvo do contato constrangedor, de discutir uma relação que já fora importante e de ter que disfarçar seu descaso com uma amizade que já não entendia como teria surgido.
Pensou em um big mac e seu guardanapo. Quando acabava o sanduíche tinha a mesma sensação incômoda: o que fazer com o papel, que havia sido tão útil? Nunca havia lata de lixo por perto. Tão descartável.
Entrou em si mesmo e ficou feliz. Não falaria mais com aquela pessoa, não saberia como estava sua vida e nem precisaria se preocupar dela se chatear. Afinal, ela não teria como saber que ele lhe virara a cara no mundo virtual. “Fica a dica”, pensou.
Lacrou.
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