Penso que a vida de escritor ou roteirista é investir muito tempo em coisas que não sabemos no que vai dar e esperar que algum dia paguem as contas. Não acredito que o processo mude para alguém, exceto se você é funcionário de algum canal de TV. No meu caso, estou conciliando meu emprego com a criação de uma série de TV, em que estou escrevendo com outras duas pessoas, tão imprescindíveis para o processo quanto eu.
É outro desafio em escrever para a TV: você trabalha em conjunto. O tempo todo pratique o desapego pela ideia que você tem carinho em detrimento daquela que faz mais sentido no contexto geral. Não é difícil somente por uma questão de ego, mas principalmente de organização. Como dividir tarefas? Quem escreve primeiro? Quando se reunir?
No nosso caso, o primeiro desafio é fechar todo o projeto antes de uma data de entrega para um edital, que consideramos importante. Você só se acha criativo até ter que fechar 13 sinopses, com ideias pré-elaboradas. É um sofrimento.
Séries talvez sejam para nossa geração o que o cinema e a literatura foram para outras. Talvez por isso seja tão comum o sentimento de não sabermos bem onde estamos pisando. Mas uma boa história é uma boa história.