Existe uma história antiga sobre skinheads na América do Sul que descobriram o endereço de contato de seus equivalentes europeus. Rapidamente enviaram uma carta com seus feitos nos trópicos. Um mês depois receberam uma resposta. “Morram Sul-Americanos”. É quase hilário.
O “quase” fica por conta da falta de graça de tudo que envolve o racismo. O racista é um sujeito tão medonho que não consegue olhar para além dos próprios limites estreitos. E virou consenso entre todos que o racismo é absoluto e, regularmente, velado. Vítimas e algozes se confundem no cotidiano em ações simples: desde achar que a mulher mais bonita do mundo só foi eleita assim por ser negra até atravessar a rua de acordo com a cor do pedestre que vem vindo. É uma vigília constante em nós mesmos para não incorrer nesses erros.
Quando Daniel Alves come uma banana que arremessam no campo, ele não conseguiu ser unanimidade. O rapper Emicida não entendeu assim e criticou a brincadeira. Da mesma forma, muitos, vítima ou não do preconceito, manifestaram medo que o protesto funcionasse às avessas. Que faça as pessoas que arremessam bananas realmente verem símios no lugar de homens. Nada mais errado.
Ao comer a fruta, o lateral-direito dá a fruta sua função original. É uma nova interpretação que tira da banana seu símbolo de opressão e transforma em… Banana. Daniel Alves não chorou, protestou ou perdeu a linha. Simplesmente ignorou o ato e, de forma bem-humorada, disse: “sim, sou um macaco assim como você”.
A ideia por trás da ação e de toda repercussão em redes sociais não identifica as vítimas do preconceito como animais. E sim que tanto vítimas quanto algozes são tão macacos quanto o outro. É diferente.
Por isso, da próxima vez que alguém imitar um macaco ou jogar uma banana perto de você, não importa a sua cor. Imite um macaco, coma a fruta e deixe claro para o racista que a sociedade é um espelho dele também. E então todos nós seremos mais macacos. E mais humanos.
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