Como os mais chegados e menos afortunados sabem, faço aniversário no final de ano. Ali em um cantinho entre o Natal e o Ano Novo sopro as velinhas e supero os traumas de infância dos presentes bipolares (“é do Natal e de aniversário, tá bom Tiaguinho?”). Quando dá tempo junto todos os amigos que não conseguiram aproveitar o reveillón para viajar – falei exatamente em “menos afortunados” lá em cima – e consigo ouvir um “parabéns para você” digno de uma pessoa que faça aniversário em épocas menos competitivas. Só não dá mesmo é pra lembrar quantos anos tenho.
Não entendeu? É assim: toda vez que o ano passa, tem aquela zona morta da primeira semana de janeiro (ou primeiro mês, se você não tem muita pressa) em que a gente se confunde em qual ano estamos. Agora mesmo quem lê esse post já deve ter se confundindo com o finado 2013 ao invés de falar no recém-nascido há apenas três dias. Comigo a coisa é pior porque costumo esquecer a data e a nova idade (considere esse “nova” com uma interpretação bem elástica, tipo calendário de borracha) sem ter o alzheimer como justificativa (ainda não cheguei lá!) ou a bebida, já que sou abstêmio.
Ao invés de ter 34 anos em 2014 , acabo confuso se tenho 33 em 2013, 34 em 2013 ou 33 em 2014. Do mesmo jeito, perdoo sempre quem ainda fala no ano que já passou ao invés do presente como um ato falho pra lá de comum. Essa confusão entre o novo ano novo pode ser um jeito sutil do subconsciente nos ajudar a não envelhecer. A segurar um pouquinho o ano que passou e dar tempo de fazer tudo o que não fizemos. Aquela academia que você nunca conseguiu começar abre no dia 2, mas se falar que começou no fim do ano passado… Quem vai saber?
Feliz 2014. E lembre-se: a Copa América foi no ano passado e esse é o ano da Copa do Mundo. Não das Olimpíadas. A gente vai votar pra presidente e governador, não pra prefeito. E seja compreensivo com quem confunde essas datas. Amanhã ou no ano que vem pode ser você.