Image

Não tem ninguém que não se comova com a morte de Robin Willians, um cara que todo mundo curtia ou, no mínimo, achava simpático. Até mesmo os resenhistas de filmes iranianos tinham uma ou duas palavras boas para falar dele.

Tenho Robin Willians como alguém que durante umas duas décadas deixou de lado filmes dramáticos, como o ótimo Tempo de Despertar, e partiu para as comédias-família. Era um desejo do ator fazer trabalhos que os pequenos filhos pudessem assistir. O crescimento das crianças culminou com o seu retorno ao drama nos ótimos Retratos de Uma Obsessão e Insônia, que também serviu para Al Pacino dar um oi.

No meio desse caminho todo, Robin Willians recitou Oh Captain! My Captain!, muito antes de saber direito quem era Walt Whitman. Sociedade dos Poetas Mortos não era exatamente um filme infantil, mas até hoje tenho dificuldades em chama-lo de adulto mesmo (atenção: se não viu o filme, pula esse parágrafo) com um suicídio no meio. Se tornou meu filme favorito por toda a vida.

Era um passatempo procurar onde estava cada um dos adolescentes da história. E no meio disso tudo sempre estava lá Robin Willians vestido de babá, como Peter Pan e por aí vai. Tinha aquele papo de que alguns filmes você não deveria rever para não se decepcionar com eles. E fiz isso com Sociedade dos Poetas Mortos. É impossível o filme ser tão bom quanto achava na minha infância e pré-adolescência. É melhor ficar com o que tenho.

No meio das notícias tristes sobre a partida do ator, passei horas relembrando o efeito de Willians sobre a época que fui criança. Ele foi um Peter Pan que cresceu, um pai que se vestia de babá para ficar perto dos filhos e até mesmo uma criança que envelhecia quatro anos a cada um (o bonitinho Jack, dirigido por Francis Ford Coppola).

Nesse tempo todo esteve comigo a cada fase da minha vida. E partiu sem que pudesse me despedir direito. Ao menos, a gente ainda pode subir numa mesa, gritar “Oh Captain! My Captain!” e imaginar Robin Willians fechando a porta. E feliz por ter feito tantos alunos saberem a hora de bagunçar qualquer aula chata por si mesmos. Carpe Diem procês.

escrito por tcordeiro
Meu nome é Tiago Cordeiro e trabalho com conteúdo (textos, roteiro, ficção e não ficção) e digital. Atualmente, sou roteirista e sócio da Scriptograma.

Os comentários estão fechados.