Escrevi o roteiro de Cantos Para Castro Alves, projeto interpretado pelo Coletivo Bichos de Teatro para o Cultura Presente na Rede. É possível ouvi-lo no Spotify. Link aqui. Segue a ficha técnica:

Créditos

Pesquisa & curadoria: Eva Maia Miranda

Roteiro: Tiago Cordeiro

Edição, efeitos sonoros e design: Felipe Dormow

Intérpretes:

Castro Alves – Andréa Terra

Musa – Eva Miranda

Professora – Deilza Santos

Estudante I- Felipe Dormow

Estudante II- Flávio Trolly

Serviço:

Local: Anchor FM e Spotify. Link: http://bit.ly/cantosparacastroalves

Dia e Horário: Disponível a partir de 1/09 .

Duração: 51 minutos e 40 segundos

Um projeto meu foi aprovado no “Cultura nas Redes”, edital do governo Estadual. O dinheiro cai um pouco mais tarde do que precisaria (os últimos três meses foram caótimos em termos financeiros), mas cai. Em tempos como este é um privilégio poder dizer que estou recebendo para trabalhar como roteirista.

Com todos os problemas, a pandemia acabou fortalecendo meu desejo de fazer projetos saírem logo da gaveta. Tudo é mais difícil, mas uma página em branco é mais ameaçadora e a gente tira de letra.

Estive recentemente em Inhotim, o maior museu de arte contemporânea do mundo. Entre tudo que me impactou, está a mostra de Claudia Andujar sobre o povo Yanomami. A foto acima pertence a mostra Marcados, feita durante um trabalho em que se catalogavam os índios.

A explicação para os números que me passaram: eles não usam nomes como nós. Não é curioso? Como escrever um roteiro com uma personagem assim? É a reflexão que me tomou desde então.

Hoje peguei um táxi até o trabalho. E cometi algo que, para muitos, poderia ser um erro terrível: Conversei sobre política com o taxista.

Explico: muitos entre nós classe média que não acreditam em terra plana, que o George Soros quer transformar o mundo em um império comunista e que cultura não é (necessariamente) de esquerda temos o preconceito contra a visão de mudo de motoristas de táxis. Nessa bobagem, a figura mítica do “taxista reaça”, aglutinaria o pior bolsonarista que você pode encontrar por aí.

No meu caso, o motorista começou reclamando do centro do Rio de Janeiro visivelmente abandonado em áreas que Eike comprou terreno para reformar e nada foi feito. Chegou a dizer que sua filha dele, advogada, “só acreditaria no Brasil quando o Gilmar Mendes for preso”.

Retruquei que o maior problema do Brasil não era corrupção. Mas ter gente com auxílio-moradia enquanto não tem maca em hospital público, etc. Enfim, a desigualdade validada pela constituição sem poder ser chamada de algo corrupto.

A gente conseguiu chegar até o fim da viagem seguindo nessa conversa. E nos despedimos de forma educada. De repente, dá certo.