Estive no Estação Net Botafogo (rua Voluntários da Pátria) na sexta-feira (21.02) para assistir Birdman, que no aviso do próprio cinema – mal sabia eu que estava na pior sala de cinema do Rio de Janeiro – começaria às 19h20. Comprei ingresso às 18h30 e esperei a abertura da sala, que abriu no horário normal. Minutos antes do início da sessão um homem entrou para avisar que a sessão atrasaria porque ainda havia lugares e gente comprando.

Sem entender muito bem o motivo, alguns espectadores protestaram e o funcionário alegou que a prática era comum, sempre visando atender as pessoas que se atrasassem um pouco. Fica a dica para não se comprar ingresso para duas sessões seguidas por ali. Sem muitos mais protestos, ficou por isso mesmo mas não sem antes um segurança repetir o aviso de forma mais enfática para os espectadores. Dessa vez, não houve novos protestos. Já estávamos mais conformados, mas a sala aplaude ironicamente o atraso após às 19h20.

A sessão, enfim, começa. Mesmo após o trailer (além do atraso, o cinema exibiu todos os filmes publicitários que poderia) pessoas continuam entrando na sessão, o que atrapalha quem já está assistindo. Chego ao ponto de interromper duas pessoas que conversam na minha frente sobre qual o seu lugar, suplicando que quero assistir o filme em paz. Minutos depois, de onde estou, essa confusão parecia estar encerrada mas não a do cinema.

Com cerca de meia hora de filme, as legendas param de aparecer. Espectadores, que não são obrigados a entender o idioma do filme por ouvido, alertam. O filme é interrompido e volta três vezes sem que haja sucesso na resolução do problema. Insatisfeitos, alguns clientes resolvem ir embora.

O cinema demonstra novo despreparo. Mesmo com as pessoas saindo da sala de cinema, os funcionários se recusam a devolver o dinheiro sem o canhoto da sessão. É claro que esse é um direito da empresa, mas não resolve a vida de quem, talvez inocentemente, confiou na sala ao entrar e não lembrar de guardar o seu ingresso no bolso. Um espectador me ajuda a encontrar o meu e resolvo ir embora. Novas informações desencontradas: funcionários dizem que em cinco minutos a sessão recomeça desde o inicio do filme.

Vou a uma fila para receber o dinheiro de volta – curiosamente é a mesma da compra de ingresso – e ouço de uma espectadora que é a segunda vez que passou pelo problema. Um funcionário nos aborda e repete o aviso dos quatro minutos para o retorno da sessão, mas me garante que o retorno será do mesmo ponto onde foi interrompido. Resolvo tentar novamente e, realmente, a sessão volta e, desta vez, transcorre sem problemas. Com quase meia hora após o previsto, deixo o cinema agradecendo não ter nenhum outro compromisso imediato. Deveria sair às 21h20 e saio às 21h50.

O Estação Net Botafogo, com outros nomes, tem longo histórico de serviços prestados aos cinéfilos do Rio de Janeiro. Infelizmente, o retrospecto recente indica mais problemas do que prazer em suas sessões. A sétima arte é um encontro íntimo entre o espectador e a tela. Tudo que interfere, distrai ou atrapalha o clima desse compromisso, estraga a experiência e prejudica a exibição do filme. Em tempos onde qualquer um pode assistir filmes em casa, sair para assistir numa sala é um evento que deve ser tratado com todo o carinho por quem cobra por ele.

Ao invés de ajudar, a empresa e seus funcionários jogaram contra seu público-alvo, do início ao fim da sessão. O porta-voz garantiu ser prática comum atrasar sessão para receber atrasados ao invés de garantir que ninguém entre no cinema após o início do filme e atrapalhe quem chegou na hora. Os funcionários não se entenderam sobre como a história recomeçaria e não se esforçaram para atender quem preferia ir para casa após o Estação não entregar o que promete: um bom evento. E, no final, o mesmo sujeito que avisou do atraso não apareceu para pedir desculpas ou oferecer qualquer cortesia pelo péssimo serviço. Foi, sem dúvida alguma, a pior experiência que este cinéfilo já teve. Foi o pior cinema do Rio de Janeiro.

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escrito por tcordeiro
Meu nome é Tiago Cordeiro e trabalho com conteúdo (textos, roteiro, ficção e não ficção) e digital. Atualmente, sou roteirista e sócio da Scriptograma.

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