Vou falar algo chato. Você não tem que gostar mas acho que tenho certa razão.

Você pode achar egoísmo uma pessoa com depressão se suicidar levando centenas de pessoas juntas. Realmente, parece.

A vida é só nossa. O que fazemos com ela é problema nosso. Mas afetar os outros…

Impossível não sentir empatia pelas vítimas. Pessoas sem nenhuma culpa dos problemas internos de um co-piloto e mortas. Impossível não sentir empatia por suas famílias. Cada pessoa daquele avião era a pessoa mais importante do mundo para alguém. Era o mundo de alguém.

Era.

Apesar disso, não consigo odiar o responsável.

Descartando a hipótese de terrorismo, o que temos é um quadro bizarro de depressão ou loucura. Pode parecer que isso não justifica e não justifica mesmo. Nada vai justificar uma tragédia dessas.

Nada.

Mas no fim, uma pessoa com problemas internos está incapaz de tomar as decisões corretas. Como aterrisar um vôo em segurança.

No seu delírio, ninguém sabe o que a levou a decidir isso. É injustificável. E é tentador dizermos que foi egoísmo, por incluir os seus problemas na vida dos outros.

Mas a loucura ou depressão não conhecem a culpa melhor do que a busca pelo alívio. E, no fim,  a responsabilidade por ela  é sempre maior para quem goza do que chamamos de saúde perfeita.

Tenha medo que seja com você em um avião. Tenha raiva por poder ser com um ente querido seu. Seja humano.

Mas depois, sinta pena. Sinta compaixão.

Porque só Deus sabe o que nos impede de ser o co-piloto.

escrito por tcordeiro
Meu nome é Tiago Cordeiro e trabalho com conteúdo (textos, roteiro, ficção e não ficção) e digital. Atualmente, sou roteirista e sócio da Scriptograma.

    1 comentário